Antoinette Cameron-Pimblett, ¹ Melanie C. Davies, ¹ Elizabeth Burt, ¹ Vikram Sinai Talaulikar,
¹ Clementina La Rosa, ¹ Thomas F. J. King, ¹ and Gerard S. Conway¹
¹Reproductive Medicine Unit, University College London Hospital, London, NW1 2BU, United Kingdom
O artigo acima foi publicada em junho de 2019 no Journal of Clinical Endocrinology and Metabolis. Trata-se de um coorte retrospectivo realizado em uma clínica do Hospital Universitário College de Londres em pacientes com síndrome de Turner (TS). Esses pacientes faziam parte do projeto “Turner Life Couse”, o qual documentava os desfechos da doença como data de início da terapia de reposição estrogênica (TRE), dentre outros. Foram alocados inicialmente 829 mulheres, porém 30 foram excluídas, contabilizando então 799 mulheres. Essas foram divididas em relação ao tipo de amenorreia, 624 tinham amenorreia primária e 599 tinham primária e secundária.
Para construção do estudo foram revisados 799 registros de pacientes com idade superior a 16 anos com o objetivo de identificar a idade da primeira exposição a TRE. Os dados foram avaliados através de visitas clínicas, totalizando 8659 visitas, abrangendo 40 anos de acompanhamento. Os dados prospectivos foram coletados a partir do início da TS adulta em 1994 e os dados retrospectivos de visitas anteriores foram coletados a partir de 16 anos de idade que datavam desde 1977.
O objetivo do estudo foi avaliar o risco de comorbidades a serem desenvolvidas por pacientes em TRE, alocados em subgrupos de acordo com o tipo de estrogênio, bem como identificar a melhor idade na puberdade para início da TRE. Esses subgrupos foram formados por usuários de pílulas anticoncepcionais orais combinadas(OPC), outros em uso de estrogênios orais (OE) e o terceiro grupo em uso dos estrogênios transdérmicos (TE). Dessa forma durante a visitas foram investigados função hepática, glicemias de jejum, colesterol total e frações, além de níveis pressóricos, já que esses se alterados durante o tratamento poderiam mudar os desfechos de saúde nesses pacientes.
A mediana da idade de início do estrogênio nos pacientes com amenorreia do estudo foi de 14 anos. As diretrizes do Consenso Internacional de TS orientam a indução da puberdade aos 11 ou 12 anos, de preferência utilizando estradiol transdérmico. Os T-scores de densidade óssea do quadril e da coluna lombar mostraram uma correlação negativa com a idade de início do estrogênio.
Em relação aos resultados desse estudo percebeu-se que quanto mais cedo o início da indução da puberdade, melhor será a densidade mineral óssea. Porém uma idade mais jovem para o início de TRE pode alterar a altura final em estudos de crescimento. Esse evento adverso não foi demonstrado em um estudo recente que combinou a TRE em baixas doses com o GH a partir de 8 anos e mostrou que a altura final dessa população não foi comprometida. Dessa forma pode-se iniciar mais precocemente a prescrição da TRE. O grupo OCP foi associado com alterações adversas nos perfis de pressão arterial e perfis dislipidêmico quando comparado com os demais grupos. Já o grupo do TE demonstrou elevação das enzimas hepáticas, além da A1c. Dessa forma, o uso do OCP deve ter seu uso limitado na população com TS, devido a prevalência de HAS na TS. Embora o TE seja benéfico em reduzir o risco de trombose, os mesmos mostraram elevar as enzimas hepáticas, logo mais estudos são necessários para o uso dessa classe de medicação.
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