The role of statins in both cognitive impairment and protection against dementia: a tale of two mechanisms
Bob G. Schultz, Denise K. Patten and Daniel J. Berlau.
A doença cardiovascular é a principal causa de morbimortalidade em todo o mundo e tem a hipercolesterolemia como seu principal fator de risco. Dentre os tratamentos disponíveis, as estatinas são as drogas com maior impacto na redução do LDL colesterol.
APRESENTAÇÃO POWER POINT
Muitas pessoas utilizam estatinas e uma quantidade ainda maior seria elegível para utilizá-las. Dessa forma, é importante o conhecimento do impacto dessas drogas em outros sistemas corporais, como o cerebral. Com intuito de avaliar o impacto das estatinas na cognição, demências gerais e doença de Alzheimer, foi realizada essa revisão dos principais estudos publicados sobre o assunto, incluindo revisões sistemáticas, meta análises, estudos observacionais e trials clínicos randomizados.
Os estudos que sugeriram impacto negativo das estatinas na cognição estão listados na Tabela 1. Entre eles, destaca-se a notificação do FDA em 2012 que contou especialmente com a análise dos Trials de eficácia e segurança cardiovascular das estatinas e com dados do Sistema de Notificação de Eventos Adversos. Com isso foi recomendada mudança obrigatória no rótulo dos medicamentos informando pacientes e médicos que efeitos colaterais cognitivos são um risco, mas que tais risco seriam reversíveis e não graves, não superando os benefícios cardiovasculares.
Além disso, uma reanálise do sistema de notificações sugeriu uma relação de tais efeitos colaterais com doses altas e com estatinas lipofílicas, como a sinvastatina e atorvastina.
Os estudos contra danos cognitivos pelas estatinas estão listados na Tabela 2.
Entre eles destaca-se a revisão de Richardson et al. sobre as recomendações do FDA, que não encontrou evidências de deficiência cognitiva com estatina e observou taxas de notificação de déficit cognitivo semelhantes entre as estatinas e outros medicamentos.
Também foram analisados estudos que sugeriram redução de 18% do risco de demência em usuários de estatina até certa idade (80 anos). E uma revisão sistemática da Cochrane que se baseou especialmente no estudo HPS e PROSPER e não observou redução de demência ou progressão da doença de Alzheimer.
Porém os achados tem peso limitado, visto que os estudos de maior peso na maioria das análises foram o Justification for the Use of Statins in Primary Prevention (JUPITER), Heart Protection Study (HPS), Pravastatin in Elderly Individuals at Risk of Vascular Disease (PROSPER), os quais não tinham o déficit cognitivo como desfecho primário ou secundário.
O estudo JUPITER não utilizou avaliações cognitivas diretas, o HPS não avaliou o baseline dos indivíduos e o PROSPER analisou uma estatina não lipofílica. Além disso, excluíram grupos de risco importantes para a análise, como pacientes psiquiátricos, hepatopatas e etilistas.
O mecanismo sugerido para o comprometimento cognitivo foi a redução intracerebral do colesterol que é importante para atividade mitocondrial, formação de bainha de mielina, etc. As estatinas lipofílicas atravessariam mais a barreira hematoencefálica com mais impacto sobre essa concentração de colesterol.
Em relação à proteção para demências e Doença de Alzheimer, parece haver uma redução de eventos isquêmicos microvasculares e macrovasculares por efeito antinflamatorio, estabilização de placa atesrosclerótica, entre outros. E também menor produção de proteína beta amiloide por redução da hipercolestrolemia, inflamação e atividade da 3-hydroxy-3-methylglutaryl-coenzyme A (HMG-CoA) reductase.
Transl Neurodegener. 2018; 7: 5. Published online 2018 Feb 27.