Jornal Diabetes Care – setembro/2018.
A doença cardiovascular (DCV) é a principal causa de morte em pacientes portadores de DM1. A doença renal crônica (DRC) é um reconhecido preditor de DCV. Entretanto, a associação da retinopatia diabética (RD) isolada, outra prevalente doença microvascular, com a DCV ainda não é bem estabelecida.
MATERIAL COMPLEMENTAR – APRESENTAÇÃO PPTX
Estudos anteriores mostraram associação entre microvasculatura da retina com doença macrovascular, porém, a maioria não conseguiu dissecar o papel da RD de outros fatores de risco já bem definidos como a DRC. Assim, o objetivo deste estudo, que é parte do estudo Finnish Diabetic Nephropathy (FinnDiane), foi avaliar se a RDS sozinha, independente da DRC, tem impacto no risco para DCV em indivíduos com mais de 30 anos de DM1.
Foram incluídos 1.689 indivíduos com DM1 de longa data. Os participantes foram divididos em 4 grupos de acordo com a presença de DRC e retinopatia diabética severa (RDS): DRC-/RDS-, DRC-/RDS+, DRC+/RDS- e DRC+/RDS+. A RDS foi definida a partir de história prévia de fotocoagulação a laser. Foram considerados como portadores de DRC aqueles com TFG < 60ml/min/ 1.73m2. Os desfechos cardiovasculares incluíam DAC, DAP e IAM. O grupo controle composto por 4.016 pessoas sem diabetes.
A RDS, de forma isolada, foi associada a maior risco de DAC e DAP, mas não de AVE. Esse risco foi significativamente maior em pacientes com DRC concomitante. Após 15 anos de seguimento, a incidência cumulativa de DCV nos grupos DRC+/RDS+ e DRC-/RDS+ foram de 71,5% e 36,8%, respectivamente.
Comparado com indivíduos DRC-/RDS-, o risco foi 2-3 vezes maior para DAC em indivíduos com DRC. O risco também foi 2-5 vezes maior para AVE e DAP na presença de DRC.
Pacientes DM1 incluídos no grupo DRC-/RDS- apresentaram risco de DCV 4 vezes maior em relação ao grupo controle (sem DM), desde a baseline até a idade de 70 anos. Curiosamente, após 70 anos de idade, a incidência de eventos cardiovasculares foi semelhante entre ambos.
O estudo confirma dados de estudos prévios de que a doença micro e macrovascular então interconectadas. Sendo assim, os achados tem impacto na prática clínica por enfatizar a importância do screening para RD em pacientes DM1